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Coletivo Abrigo mobiliza ação climática em Porto Alegre e recebe apoio de Dalai Lama

Atualizado: há 4 horas


No último sábado, 17 de maio, a Orla do Guaíba, em Porto Alegre, foi palco de um encontro marcante que uniu espiritualidade, memória e mobilização socioambiental. A Vigília pela Terra reuniu diversas lideranças religiosas, organizações da sociedade civil e comunidades de fé em um ato simbólico em defesa do Bioma Pampa, das vítimas das enchentes de 2024 e rumo à COP 30.


Inspirada pela histórica vigília inter-religiosa "Um Novo Dia para a Terra", realizada durante a ECO-92 no Rio de Janeiro, a ação em Porto Alegre buscou renovar o compromisso das comunidades de fé com a justiça climática. Naquela ocasião, líderes religiosos de diversas tradições se reuniram para afirmar a importância da espiritualidade na defesa do meio ambiente.


Cacica Iracema na Vigília Pela Terra
Vigília Pela Terra: Discurso da Cacica Iracema, liderança indígena kaingang e líder da Retomada Gãh Ré. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

O evento contou com a presença do ex-governador Olívio Dutra e foi marcado por apresentações musicais de Sandra Motta e Rodrigo SanCarlo, declamações de poesia marginal do slammer Silvinho Amaral, por distribuição de mudas de árvores nativas doados pelo Programa de Gênero e Religião da Faculdade EST e um ato simbólico em que os participantes levaram pétalas de rosas às águas do Guaíba, simbolizando preces e homenagens às vítimas das enchentes.


Tiago Santos, do Coletivo Abrigo, na Vigília Pela Terra
Júlio, do Coletivo Abrigo, apresenta um dos cartazes que circulou pelo evento em defesa da Terra. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

Reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Ivan Carlos Pereira pontuou a importância da união e o significado do ato acontecer na orla. “A vigília significa que estamos vigilantes, fiscalizando, vendo o que está acontecendo no planeta e também aquilo que os governantes estão fazendo, para onde estão conduzindo as nossas nações nessa realidade de mudanças e tragédias climáticas que enfrentamos. Estamos aqui nesse espaço tão importante que é a orla do Guaíba, que é um símbolo sagrado agora de Porto Alegre, porque aqui muitas pessoas foram salvas.”


“Essa casa é a casa de todos, esse encontro ecumênico representa isso, um lar comum de todos nós, independente da nossa fé, das nossas tradições, da nossa não-fé, inclusive. Que nós possamos estar unidos em defesa dessa mãe, porque, como disse o Frei Leonardo Boff, a Terra é mãe e mãe a gente não maltrata, a gente cuida”, ressaltou o diretor do Coletivo Abrigo e integrante do Fórum Inter-religioso, Tiago Santos.


É importante ressaltar que Sua Santidade o 14º Dalai Lama enviou uma carta de apoio à Vigília pela Terra. Em sua mensagem, o Dalai Lama relembra sua visita à capital gaúcha e expressa solidariedade às vítimas das enchentes de 2024:


"Uno-me em orações a todos os que se reuniram em Porto Alegre, no Brasil, para a Primeira Vigília Pela Terra. Visitei Porto Alegre e, portanto, sinto uma conexão próxima com a cidade."


Tiago Santos, diretor do Coletivo Abrigo, segurando a carta que foi enviada por Dalai Lama em apoio a Vigília Pela Terra em Porto Alegre.
Tiago Santos, diretor do Coletivo Abrigo, segurando a carta que foi enviada por Dalai Lama em apoio a Vigília Pela Terra em Porto Alegre.

A psicóloga e zen-budista Monja Kokai falou sobre a interligação de todos os seres, que não estão separados da Terra mas foram distanciados. “A Terra está dando sinais, e ela está muito ferida, muito machucada. E aí entra um dos principais papéis das religiões. A ciência tem feito o seu trabalho, temos informação suficiente e sabemos que grande parte da parcela da humanidade está angustiada. Nós temos que nos mobilizar coletivamente porque sozinho ninguém vai resolver.”



A Vigília pela Terra em Porto Alegre foi organizada em parceria com o Fórum Inter-religioso e Ecumênico do Rio Grande do Sul (FIRE), do qual o Coletivo Abrigo é membro ativo. O FIRE atua como um espaço livre e aberto para diálogo, reflexão e formação, promovendo encontros que valorizam a diversidade religiosa e cultural, combatem a intolerância e incentivam uma cultura de paz.


Vigília Pela Terra reúne público em Porto Alegre
O público esteve presente no evento com cartazes, bandeiras e faixas em defesa do meio ambiente. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

Fundadora do Coletivo Abrigo e moradora de Canoas (RS), Poliana Einsfeld teve sua casa atingida pelas águas. Além de lembrar dos mais de 180 mil desalojados na cidade, ela ressaltou a solidariedade advinda do episódio. “Queremos justiça por todos que perderam suas casas e seus negócios. Vamos continuar exigindo providências das autoridades competentes. A culpa não é do rio. A culpa não é de Deus. Aliás, nunca sentimos, de forma tão clara e tão palpável a mão de Deus. Apesar de termos perdido tudo, nada nos faltou, o amor, o carinho, a solidariedade e o aconchego de tanta gente.”


Monja Kokai na Vigília Pela Terra
Ervas típicas do Bioma Pampa foram abençoadas em um alguidar com água e o público presente pode tocar na água e se benzer com ela. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

Durante este ano, acontecerão outras vigílias em diversas cidades brasileiras, em uma iniciativa do Instituto de Estudos da Religião (Iser). As mobilizações culminarão em uma grande vigília multirreligiosa na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em novembro, em Belém (PA).


Lama Padma Samten faz meditação na Orla do Guaíba na Vigília Pela Terra
Mestre budista tibetano, Lama Padma Samten, faz uma medição durante o pôr do sol no Guaíba. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

Paulo Sampaio, integrante do Iser, lembrou que “o racismo que provoca a intolerância, invasão e violação de terreiros é o mesmo que faz com que populações pretas e periféricas e as comunidades tradicionais quilombolas, povos ciganos, comunidades pesqueiras, entre outras, sejam as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos”. Segundo ele, é necessário “comunicar às mentes, mas também aos corações”.


“Que a natureza, através dos biomas, dos rios voadores e de tantos outros sistemas ecológicos da vida, nos conduza a viver nesta terra de maneira responsável e fraterna, sabendo que nada nos é indiferente, pois tudo está conectado e interligado com este belo encontro que realizamos aqui agora”, concluiu Paulo Sampaio.


Criança faz sua prece ao rio na Vigília Pela Terra
O evento encerrou com um cortejo com velas até o Rio Guaíba, onde todos lançaram pétalas de rosas e fizeram suas preces ao rio em memória das vítimas das enchentes. Na foto, uma das crianças presentes no ato faz sua prece ao rio. Foto: Poliana Einsfeld / Coletivo Abrigo

O ato foi realizado pelas seguintes organizações: ISER, Coletivo Abrigo, Fórum Inter-Religioso e Ecumênico do RS, CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil), ZEN Vale dos Sinos, Centro de Estudos Budistas Bodisatva, Visão Mundial, Fundação Luterana de Diaconia, Conselho do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Curicaca, Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa, Global Shapers Porto Alegre , Instituto Zen Maitreya-Zendo Diamante, AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Foro de Justicia Climatica, MJPOP (Movimento Jovem de Políticas Públicas), Youth Action Hub da ONU, Nación Pachamama, Pastoral da Juventude Estudantil e o Programa de Gênero e Religião da Faculdade EST.

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